segunda-feira, 14 de julho de 2014

Primeiro Capitulo | A Menina Que Roubava Livros

PRÓLOGO


          UMA CORDILHEIRA DE ESCOMBROS
ONDE NOSSA NARRADORA APRESENTA:
ela mesma
as cores
e a roubadora de livros

MORTE E CHOCOLATE
Primeiro, as cores. Depois, os humanos. Em geral, é assim que vejo as coisas. Ou, pelo menos, é o que tento.

• EIS UM PEQUENO FATO •
Você vai morrer.

Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo.

• REAÇÃO AO FATO SUPRACITADO •
Isso preocupa você?
Insisto – não tenha medo.
Sou tudo, menos injusta.

— É claro, uma apresentação.
Um começo.
Onde estão meus bons modos?
Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente.
Nesse momento, você estará deitado(a). (Raras vezes encontro pessoas de pé.) Estará solidificado(a) em seu corpo. Talvez haja uma descoberta; um grito pingará pelo ar. O único som que ouvirei depois disso será minha própria respiração, além do som do cheiro de meus passos.
A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu?

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Primeiro Capitulo | A Culpa é das Estrelas



Capitulo Um

FALTANDO POUCO PARA eu completar meu décimo sétimo ano de vida minha mãe resolveu que eu estava deprimida, provavelmente porque quase nunca saía de casa, passava horas na cama, lia o mesmo livro várias vezes, raramente comia e dedicava grande parte do meu abundante tempo livre pensando na morte.
Sempre que você lê um folheto, uma página da Internet ou sei lá o que mais sobre câncer, a depressão aparece na lista dos efeitos colaterais. Só que, na verdade, ela não é um efeito colateral do câncer. É um efeito colateral de se estar morrendo. (O câncer também é um efeito colateral de se estar morrendo. Quase tudo é, na verdade.) Mas a mamãe achava que eu precisava de tratamento, então me levou ao meu médico comum, o Jim, que concordou que eu, de fato, estava nadando numa depressão paralisante e totalmente clínica e, portanto, ele ia trocar meus remédios e, além disso, eu teria que frequentar um Grupo de Apoio uma vez por semana.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Resenha - O Mistério do Relógio na Parede - Aventuras de Lewis Barnavelt - Vol. 1 - John Bellairs

 Bem gente, vim lhes trazer esta resenha, já li a bastante tempo esse livro. Ele é muito legal. As Aventuras de Lewis não param só neste livro. Espero que gostem.

Titulo Original: The House With A Clock In Its Walls
Autor: John Bellairs
Editora: Record
Paginas: 204
Volume: 1

Sinopse:
Qual o mistério no incessante tique-taque das paredes da mansão do assustador bruxo Izard? Lewis, um esperto garoto de dez anos, seu tio Jonathan, expert em magia, e a enxerida vizinha Sra. Zimmermann vão tentar desvendar este enigma. John Bellairs é um dos mais consagrados autores juvenis dos Estados Unidos. 

Resenha:
Lewis é um jovem, que sempre sonhou em morar em uma casa antiga, que tenha passagens secretas, quartos secretos e grandes lareiras. Com a morte dos deus pais. o menino se encontra em uma mansão, casa de seu tio Jonathan. Lewis se apega ao tio e à vizinha ranzinza, Sra. Zimmermann. Seu tio faz coisas estranhas e, além disso, há um barulho incessante de tique-taque que vem das paredes da casa. Ele enfim descobre, que seu tio e a Sra. Zimmermann são mágicos, oque lhe explica muita coisa, mas ainda não é nada perto do que ele vai encontrar.
Na noite de Hallowen, Lewis decide testar uma mágica e acaba ressuscitando, acidentalmente, a malvada Selenna Izard, a antiga e assustadora dona da mansão, casada com o não menos assustador bruxo Izard. 

É um livro de Infanto-Juvenil, que agrada alguns adultos. Lewis quer de todo custo saber do porque vem esse barulho de tique-taque das paredes. Com o tempo que formos lendo vamos acabar simpatizando com o gorducho, sem amigos e solitário, cujos únicos companheiros são o tio e a vizinha bruxa, e além de tudo, acabamos nos acostumando ao estilo diferente de John Bellairs. E ficarmos curiosos para saber desse tal fantasma, que perseguirá Lewis, através de suas aventuras.
Bem, este é o primeiro volume das Aventuras de Lewis Barnavelt, espero que logo possa trazer para vocês, outras emocionantes historias que Lewis enfrentara.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Primeiro Capitulo | A Hospedeira


 Oi gente, vim trazer o Primeiro Capítulo deste maravilhoso livro. Eu já li, e adorei.


Prólogo - Inserida 


O nome do Curandeiro era Fords Águas Profundas.
Como era uma alma, por natureza ele era inteiramente bom: compassivo, paciente, honesto, virtuoso e cheio de amor. A ansiedade era uma emoção incomum para Fords Águas Profundas.
A irritação era ainda mais rara. Contudo, como Fords Águas Profundas vivia dentro de um corpo humano, às vezes era impossível escapar da irritação.
E como os cochichos dos estudantes Curandeiristas rumorejassem no extremo da sala de operação, seus lábios se comprimiram numa linha apertada. A expressão ficava fora de lugar numa boca dada a sorrir com frequência.
Darren, seu assistente habitual, viu a careta e deu um tapinha em seu ombro.
— Eles só estão curiosos — disse baixinho.

sábado, 5 de julho de 2014

Primeiro Capitulo | Ponte para Terabítia

Boa terde galera, novamente vim postar o primeiro capitulo pra vocês, espero que gostem. 


Capítulo 1 - Jesse Oliver Aarons Jr.

Vruum, vruum, vruum... Tuque-tuque-tuque-tuque... Ótimo. O pai tinha conseguido que a caminhonete pegasse. Agora Jess podia se levantar. Deslizou para fora da cama, caindo direto dentro do macacão. Não se preocupou com a camisa, porque assim que começasse a correr ia esquentar que nem a água da chaleira. Nem com sapatos, porque suas solas dos pés a esta altura já estavam tão grossas quanto as de qualquer calçado.— Onde você vai, Jess? — perguntou May Belle, se levantando, sonolenta, da cama de casal onde ela e Joyce Ann dormiam.— Pssiu... — avisou ele.As paredes eram finas. Mamãe ficaria furiosa feito um touro bravo se alguém a acordasse naquela hora do dia.Ele acariciou o cabelo de May Belle e ajeitou o lençol, cobrindo-a até a altura do queixinho.— Vou até o pasto — sussurrou.May Belle sorriu e se encolheu debaixo das cobertas.— Vai correr?— Talvez.É claro que ele ia correr. Tinha levantado bem cedo todos os dias do verão para correr. Metera na cabeça que, se se dedicasse bastante – e Deus sabia como estava se dedicando – podia ser o corredor mais rápido da 5ª série quando as aulas recomeçassem. E tinha que ser o mais rápido. Não um dos mais rápidos, nem quase o mais rápido, mas realmente o mais rápido de todos. O melhor de todos.Saiu de casa na ponta dos pés. O lugar estava tão velho que rangia cada vez que ele apoiava o pé no chão, mas Jess tinha descoberto que, na pontinha do pé, o barulho era só um gemido fraco, e geralmente conseguia chegar lá fora sem acordar a mãe, Ellie, Brenda ou Joyce Ann.Já com May Belle, a história era outra. Ela ia fazer sete anos e simplesmente o adorava, o que às vezes era ótimo. Quando você é o único menino de uma família, imprensado entre quatro irmãs, e as duas mais velhas te desprezaram desde o momento em que você não deixou mais que elas ficassem te vestindo para brincar de boneca, e te empurrando de um lado para o outro num carrinho enferrujado, enquanto a menorzinha só faz chorar aos berros se você olhar para ela com uma cara mais séria, então dá para ver como é bom ter alguém que te adora. Mesmo se de vez em quando isso cria uns probleminhas.Atravessou o quintal bem depressa. Quando respirava, o ar saía em pequenas nuvens de vapor – estava bem frio para o mês de agosto. Mas é porque ainda era cedo. Lá pelo meio dia, quando a mãe o mandasse trabalhar lá fora, já estaria bem quente.Miss Bessie olhou-o sonolenta enquanto ele subia pelo monte de sucata e entulho, pulava a cerca e entrava no pasto.— Muuuu... — fez ela, olhando pra todo lado, como se fosse outra May Belle, com seus olhos castanhos enormes e caídos.— Oi, Miss Bessie — cumprimentou Jess, para tranquilizá-la. — Pode continuar dormindo.A vaca caminhou até uma mancha de capim mais verde – o pasto estava quase todo seco e marrom – e abocanhou uma boa quantidade.— Isso, menina. Assim é que eu gosto... Fique aí tomando seu café da manhã. Não ligue para mim.Ele sempre começava no canto mais a noroeste do pasto, agachado como os corredores profissionais que tinha visto no Mundo dos Esportes.— Bang! — exclamou.E partiu a toda velocidade pelo campo afora. Miss Bessie caminhou em direção ao centro do pasto, sempre a segui-lo com os olhos sonolentos, mastigando bem devagar.Não parecia uma vaca muito esperta, mesmo levando em conta que o gado em geral não possuía um ar muito sabido, mas era suficientemente inteligente para sair do caminho de Jess.O cabelo dele, cor de palha, balançava de encontro à testa, e os braços e as pernas se esparramavam para todo lado. Ele nunca aprendera a correr direito, mas tinha pernas bem compridas para um menino de dez anos, e ninguém tinha mais garra do que ele.A Escola Primária de Córrego da Cotovia tinha poucos recursos e faltava quase tudo, principalmente equipamento esportivo. Por isso, todas as bolas acabavam ficando com os alunos das séries mais adiantadas, na hora do recreio, depois do almoço. Mesmo se alguém da 5ª série começasse o recreio com uma bola, com toda certeza ela estaria nas mãos de um garoto da 6ª ou da 7ª antes que se passasse meia hora.Os meninos mais velhos sempre pegavam para si o centro do campo de cima, que ficava mais seco, e as meninas exigiam o pedacinho mais do alto para pular corda ou carniça, ou até para ficar só conversando, andando de um lado para o outro. Por isso, os meninos das séries de menor graduação inventaram aquela história de apostar corrida. Eles todos se alinhavam ao longo do lado mais distante do campo de baixo, onde sempre estava enlameado ou ressecado e com rachaduras, cheio de buracos. Earle Watson, que não sabia correr mas tinha uma boca enorme, gritava “Bang!” e todos saíam correndo até uma linha que tinham riscado com o pé, ao longo da outra extremidade.Uma vez, no ano passado, Jess tinha ganhado. Não apenas uma corridinha, mas a bateria completa. Uma única vez. Mas ficou com um gostinho de vitória na boca. E queria mais.Desde que entrara no colégio, na 1ª série, tinha sido sempre “aquele garoto maluco que passa o tempo todo desenhando”. Mas houve um dia – para ser exato, um 22 de abril, uma segunda-feira meio chuvosa – em que ele correra mais que os outros e passara na frente de todo mundo, com aquela lama vermelha se enfiando pelos buracos da sola de seus tênis. Durante o resto daquele dia, e até depois do almoço do dia seguinte, ele fora “o garoto mais rápido da 3ª, 4ª e 5ª séries”, e só estava na 4ª.Na terça-feira, Wayne Pettis ganhou de novo, como sempre. Mas este ano, Wayne Pettis estaria na 6ª. Ia jogar futebol até o Natal, e beisebol até junho, com o resto dos garotos grandes. Qualquer um tinha a chance de ser o corredor mais rápido, e ele jurava por Miss Bessie que esse campeão ia ser Jesse Oliver Aarons Jr.Jess sacudiu bem os braços e inclinou a cabeça em direção à cerca distante. Era capaz de ouvir os meninos da 3ª série torcendo por ele. Iam segui-lo por toda parte, como se ele fosse um astro da música country.E May Belle ia estourar de satisfação.O irmão dela ia ser o melhor, o mais rápido. Era motivo de sobra para o resto da 1ª série ficar verde de inveja. Até mesmo o pai ia ficar orgulhoso dele.Jess fez a volta, no canto. Não dava para continuar tão depressa, mas ele ainda correu por algum tempo – era bom, ajudaria a fortalecer os músculos. May Belle contaria ao pai, assim não ia parecer que era ele, Jess, quem estava contando vantagem. Talvez o pai ficasse tão orgulhoso que até se esquecesse de como ficava cansado de viajar diariamente a Washington, e de cavar e carregar peso o dia inteiro. Ia até deitar no chão e brincar de luta com ele, como costumavam fazer havia muito tempo.O Velho ia ficar surpreso ao constatar como ele tinha ficado forte nos últimos dois anos.O corpo implorava que Jess parasse, mas ele ia em frente. Tinha que fazer com que aquele peito ofegante soubesse quem mandava ali.— Jess — chamou May Belle do outro lado do monturo — mamãe mandou você entrar pra comer. Deixe pra ordenhar mais tarde.Ai, droga. Tinha corrido demais. Agora todo mundo ia ficar sabendo que ele tinha se levantado cedo, e iam começar a implicar com ele.— Está bem, já vou.Fez a volta, ainda correndo, e foi em direção ao monturo. Sem perder o ritmo, pulou por cima da cerca, embarafustou por cima da sucata, deu um tapinha na cabeça de May Belle (“Ai!”) e seguiu no trote para casa.— Olhem sóóóó, vejam o grande campeão olííímpico... — zombou Ellie, batendo duas xícaras em cima da mesa, e fazendo o café preto e forte derramar. — Lá vem ele, suando que nem uma mula carregada.Jess empurrou para trás o cabelo caído no rosto e desabou no banco de madeira. Jogou duas colheres de açúcar numa xícara, e soprou para que o café escaldante não lhe queimasse a boca.— Ai, mãe, ele está fedendo... — reclamou Brenda, apertando delicadamente o nariz com os dedinhos rosados. — Mande ele se lavar...— Vá até a pia e lave o rosto — disse a mãe, sem tirar os olhos do fogão. — E depressa. O mingau já está pegando no fundo da panela.— Ah, mãe, de novo? — gemeu Brenda.Deus do céu, como estava cansado! Não havia um único músculo em seu corpo que não estivesse doendo.— Você ouviu o que mamãe disse — gritou Ellie às suas costas.— Não dá para aguentar, mãe! — reclamou Brenda de novo. — Mande ele levar esse fedor para longe deste banco...Jess apoiou o rosto na madeira nua da mesa.— Jesseee! — ralhou a mãe, agora olhando para ele. — E vá botar uma camiseta.— Já vou...Arrastou-se até a pia. A água que jogou no rosto e nos braços estava gelada. Sua pele quente se encolhia debaixo dos pingos frios.May Belle estava de pé junto à porta da cozinha, olhando para ele.— Me dê uma camiseta, May Belle.A menina olhou-o como se sua boca fosse dizer que não, mas em vez disso, falou:— Você não devia ter me dado um tapa na cabeça...E saiu, obediente, para buscar a camiseta como ele tinha pedido. May Belle era um amor, dava pra contar com ela. Se fosse Joyce Ann, ainda estaria gritando por causa daquele tapinha. Criança de quatro anos é um saco.— Eu tenho um monte de trabalho para ser feito por aqui hoje de manhã — anunciou a mãe, quando estavam terminando de comer o mingau com molho vermelho. Ela era da Geórgia e ainda cozinhava à moda de sua terra.— Ah, mãe! — Ellie e Brenda gemeram em coro.Aquelas duas sempre conseguiam pular fora do trabalho, mais depressa do que um gafanhoto saltando pelo meio dos dedos da gente.— Mãe, você prometeu que eu e Brenda podíamos ir a Millsburg comprar material para a escola.— Vocês não têm dinheiro para ir fazer compras de material.— Mãe... A gente vai só dar uma olhada... — Deus do céu, como Jess queria que Brenda parasse de falar mole daquele jeito... — Puxa, não é possível que você não quer que a gente se divirta nem um pouquinho...— ... que você não queira... — corrigiu Ellie, rapidamente.— Cala a boca!Ellie a ignorou e Brenda prosseguiu:— A senhora Timmons vai passar aqui para nos pegar. Eu tinha dito a Lollie, no domingo, que você falou que a gente podia ir. Puxa, agora fico sem graça de ligar para ela e dizer que você mudou de ideia.— Está bem, está bem... Mas eu não tenho dinheiro nenhum para dar para vocês, se quererem comprar alguma coisa.Se vocês quiserem, soprou uma vozinha dentro da cabeça de Jess.
— Eu sei, mãe. Vamos levar só os cinco dólares que papai prometeu. Só isso.— Que cinco dólares?— Ah, mãe, você não pode ter esquecido... — a voz de Ellie era mais melosa do que uma barra de chocolate derretida. — Ainda na semana passada papai estava dizendo que só íamos poder gastar uns trocados para fazer as compras do material para a escola.— Chega, toma logo! — disse a mãe, zangada, esticando o braço para alcançar, na prateleira em cima do fogão, a bolsa de plástico velha e gasta, cheia de rachaduras.Contou cinco notas amassadas.— Mãe... — Brenda ia começando de novo — ... será que não dava pra arranjar só mais uma? Assim ficam três para cada uma...— Não!— Mãe, não dá pra comprar nada com dois dólares e meio. Só um caderninho à toa já está custando...— Não!Ellie levantou-se fazendo barulho, e começou a tirar a mesa, dizendo em voz alta:— É a sua vez de lavar a louça, Brenda.— Ah, Ellie...Ellie a ameaçou com uma colher. Jess viu o olhar que acompanhou o gesto. Brenda calou-se na mesma hora, e desligou aqueles gemidos chatos que vinham saindo de sua boca pintada de batom Brilho de Rosas. Não era tão esperta quanto Ellie, mas mesmo assim percebeu que não devia forçar demais a situação com a mãe.Como sempre, o trabalho todo sobrou para Jess. A mãe nunca mandava que as pequenas ajudassem, muito embora ele em geral acabasse conseguindo que May Belle fizesse alguma coisa. Deitou de novo a cabeça na mesa. A corrida tinha acabado com ele naquela manhã. Pelo ouvido que ficara do lado de cima da cabeça deitada, entrou o barulho do velho Buick da família Timmons – “Está precisando de óleo”, diria seu pai – e, em seguida, veio a algazarra animada das vozes do outro lado da porta de tela, enquanto Ellie e Brenda se apertavam no assento do carro, por entre os sete Timmons.— Vamos, Jesse. Vamos acabar com essa preguiça e levantar logo desse banco. As tetas de Miss Bessie já devem estar quase arrastando no chão, de tão cheias de leite. E você ainda tem que ir colher vagem.Preguiçoso. Então o preguiçoso era ele.Deu mais um minuto de descanso à cabeça em cima da mesa.— Jesseee!— Já estou indo, mãe...  Num instante...
                                               * * *
Foi May Belle quem foi contar a ele, lá na roça de vagem, que tinha um pessoal se mudando para a casa velha dos Perkins, no sítio vizinho. Jess afastou o cabelo dos olhos e olhou. Era mesmo. Tinha um caminhão parado bem na porta. Um daqueles grandões, fechados. Puxa, aquela gente tinha um montão de coisa. Mas não iam ficar muito tempo por ali. A casa dos Perkins era uma dessas casas bem velhas, caindo aos pedaços, para onde as pessoas se mudam só quando não têm um lugar decente para morar, mas, assim que podem, tratam de sair dali o mais depressa possível.Mais tarde, ele bem que pensou nisso: que coisa estranha, provavelmente a coisa mais importante da vida dele estava acontecendo e ele sacudia os ombros, nem ligava, como se não fosse nada.As moscas zumbiam em volta de seu rosto e dos ombros suados. Jogou as vagens no balde e o pegou com as duas mãos.— Traga minha camiseta, May Belle.As moscas eram mais importantes que o caminhão de mudanças.May Belle foi correndo até o fim do caminhozinho e apanhou a camiseta que ele tinha jogado por lá. Veio andando, segurando a roupa com dois dedos, bem longe do corpo.— Ai, que fedor... — disse, igualzinho a Brenda.— Cala a boca! — cortou ele, e tirou a camiseta da mão dela.


sexta-feira, 4 de julho de 2014

4 de Julho

"Pois ser livre não é meramente livrar-se das correntes, mas viver de uma maneira que respeite e aprimore a liberdade dos outros" Nelson Mandela

Parte de viver verdadeira e honestamente é ter certeza de que as pessoas que o cercam também desfrutam da mesma liberdade física e emocional. Tenho a sorte de viver em um país livre, mas todos os dias acontecem injustiças sociais, não apenas nos Estados Unidos, mas no mundo inteiro. Parte de nossa responsabilidade como seres humanos piedosos é fazer tudo o que pudermos para garantir  e aumentar a liberdade daqueles que nos cercam.
Objetivo: Valorize e aproveite a sua liberdade e ajude as pessoas que o cercam a fazer o mesmo.

Primeiro Capitulo | Um Porto Seguro – Nicholas Sparks



Boa tarde pessoal... 

Vou postar pra voces o primeiro capitulo do livro que estou lendo. Vou fazer um post de Li ate a página 100, e quando acabar vou fazer resenha.. Bom espero que gostem. 



                                                          1

ENQUANTO KATIE CIRCULAVA por entre as mesas, uma brisa vinda do Atlântico lhe
acariciou os cabelos. Levando três pratos na mão esquerda e outro na direita, ela
usava uma calça jeans e uma camiseta com os dizeres: Ivan’s: Experimente
nosso peixe, peça o linguado. Ela levou os pratos para quatro homens que usavam
camisas polo; o que estava mais perto dela lhe chamou a atenção e sorriu.
Embora ele tentasse dar a impressão de que era apenas um rapaz amistoso, Katie
sabia que ele continuava a observá-la enquanto ela se afastava da mesa. Melody
havia mencionado que os homens eram de Wilmington e estavam procurando
locações para serem usadas em um filme.
Pegou uma jarra de chá gelado e voltou a encher os copos dos rapazes antes
de voltar para a copa. Ela deu uma olhada na paisagem. Era fim de abril, a
temperatura estava perto da marca ideal e o céu se estendia azul até o horizonte.
Além dela, a hidrovia intralitorânea estava calma apesar da brisa e parecia
espelhar a cor do céu. Um bando de gaivotas estava empoleirado no corrimão
que circundava o restaurante, esperando para disparar por entre as mesas se
alguém deixasse um pedaço de comida cair no chão.
Ivan Smith, o proprietário, as odiava. Ele dizia que eram ratos-com-asas e
já havia patrulhado a área do corrimão com um desentupidor em punho,
tentando espantá-las. Melody havia falado ao ouvido de Katie que estava mais
preocupada com o lugar onde o desentupidor estava do que com as gaivotas.
Katie não disse nada.
Ela começou a fazer outro bule de chá, limpando o balcão. Um momento
depois, sentiu que alguém lhe tocava o ombro. Virou-se e viu que era a filha de
Ivan, Eileen, uma garota bonita de 19 anos, com o cabelo amarrado em um rabo
de cavalo. Ela estava trabalhando meio período no restaurante como
recepcionista.
— Katie, você pode atender a uma outra mesa?
Katie olhou pelo restaurante e observou as mesas. — É claro — disse ela.
Eileen desceu as escadas. Katie conseguia ouvir fragmentos de conversas
vindos das mesas próximas. As pessoas falavam sobre amigos, família, o tempo
ou sobre pescaria. Em uma mesa, que ficava no canto do salão, ela viu duas
pessoas fechando os cardápios. Foi até eles e anotou o pedido, mas não ficou
perto da mesa tentando conversar sobre amenidades com os clientes, como
Melody fazia. Katie não era muito boa para puxar assunto, mas compensava isso
com sua eficiência e cortesia. E os clientes pareciam não se importar.
Ela trabalhava no restaurante desde o começo de março. Ivan a contratara
em uma tarde fria, em que o céu estava limpo e tinha um tom azul-turquesa.
Quando disse que poderia começar o trabalho na segunda-feira seguinte, Katie
teve que se esforçar para não chorar na frente dele. Ela esperou até estar longe
do restaurante, a caminho de casa, para se esvair em lágrimas. Naquela época,
ela não tinha dinheiro nenhum e não comia há dois dias.
Katie percorreu o salão, enchendo copos com água e chá gelado antes de
voltar para a cozinha. Ricky, um dos cozinheiros, piscou para ela como sempre
fazia. Há dois dias ele a tinha convidado para sair, mas Katie disse que não queria
se envolver com ninguém que trabalhasse no restaurante. Ela teve a impressão
de que ele logo tentaria de novo e esperava que seus instintos estivessem errados.
— Duvido que o movimento vá diminuir hoje — comentou Ricky. Ele era
loiro e esguio, talvez um ou dois anos mais novo do que ela e ainda morava na
casa dos pais. — Toda vez que eu acho que vamos ter um momento para respirar
o restaurante volta a encher.
— O dia está bonito hoje.
— Mas por que essas pessoas estão aqui? Em um dia como este, elas
deveriam estar na praia ou pescando. E é exatamente isso que eu vou fazer
quando terminar o expediente.
— É uma boa ideia.
— Quer que eu a leve para casa mais tarde? — Ele se oferecia para levá-la
para casa pelo menos duas vezes por semana.
— Obrigada, mas não é preciso. Eu não moro tão longe daqui.
— Não é problema nenhum. Eu ficaria feliz em levá​-la — insistiu ele.
— Caminhar me fazbem.
Ela lhe entregou a folha de papel com os pedidos anotados e Ricky a pregou
no quadro com os outros. Katie pegou um dos pedidos que devia levar de volta ao
salão, foi até a parte do restaurante onde estava atendendo e serviu os clientes.
O Ivan’s era uma instituição local, um restaurante que funcionava há quase
trinta anos. Desde que começara a trabalhar ali, Katie identificara os clientes
habituais e, enquanto atravessava o salão, seus olhos iam em direção a pessoas
que ainda não tinha visto. Casais flertando, outros se ignorando mutuamente.
Famílias. Ninguém parecia estar deslocado naquele lugar, e ninguém pedira
informações a seu respeito. Mesmo assim, havia épocas em que suas mãos
começavam a tremer, por isso ela ainda deixava uma luz acesa quando dormia.
Seu cabelo, de um tom castanho-avermelhado, era tingido na pia da cozinha
da pequena casa que alugara. Como ela não usava maquiagem, sabia que seu
rosto acabaria se bronzeando um pouco, talvez um pouco demais, então lembrou
a si mesma de comprar protetor solar. No entanto, após pagar o aluguel e as
contas da casa, não sobrou muito dinheiro para itens supérfluos. Até mesmo o
protetor solar iria estrangular suas finanças. O emprego no Ivan’s era bom e ela
estava feliz por trabalhar ali, mas a comida que o restaurante servia não era cara
— e isso significava que as gorjetas que ela recebia não eram as melhores. Por
causa de sua dieta habitual, composta por feijão com arroz, macarrão e mingau
de aveia, ela perdera peso nos últimos quatro meses, e até conseguia sentir suas
costelas por baixo da camiseta. Algumas semanas atrás, ela tinha círculos
escuros ao redor dos olhos, os quais imaginava que nunca conseguiria tirar do
rosto.
— Acho que aqueles caras estão olhando para você — disse Melody, com
um meneio de cabeça em direção à mesa dos quatro homens do estúdio de
cinema. — Especialmente aquele de cabelo castanho. O mais bonito da mesa.
— Ah — disse Katie. E começou a preparar outro bule de café. Qualquer
coisa que ela dissesse à Melody certamente cairia nos ouvidos das outras pessoas.
Então, Katie normalmente não conversava muito com ela.
— O que foi? Você não o achou bonito?
— Eu não prestei muita atenção.
— Como você pode não prestar atenção quando um cara é bonito? —
perguntou Melody, descrente, olhando para ela.
— Não sei.
Assim como Ricky, Melody era dois anos mais nova do que Katie, talvez
com 25 anos, mais ou menos. Ruiva, de olhos verdes e sem papas na língua, ela
namorava um cara chamado Steve, que fazia entregas para uma loja de
materiais de construção e reforma do outro lado da cidade. Como todos os outros
funcionários do restaurante, ela havia nascido e crescido em Southport, a qual
descrevia como sendo um paraíso para crianças, famílias e idosos, mas o lugar
mais triste e modorrento do mundo para pessoas solteiras. Pelo menos uma vez
por semana ela dizia à Katie que desejava se mudar para Wilmington, que tinha
bares, danceterias e muito mais lojas. Melody parecia saber tudo sobre todo
mundo. Katie às vezes pensava que a verdadeira profissão da colega era a
fofoca.
— Ouvi dizer que Ricky convidou você para sair, mas você recusou — disse
ela, mudando de assunto.
— Não gosto de me envolver com pessoas do trabalho — respondeu Katie,
fingindo estar absorta com a organização das bandejas que continham os
talheres.
— Podíamos sair os quatro. Ricky e Steve saem para pescar juntos.
Katie imaginou se Ricky estava realmente interessado nela ou se tudo aquilo
era ideia de Melody. Talvez fossem as duas coisas. À noite, depois que o
restaurante fechava, quase todos os funcionários ficavam ali por mais algum
tempo, conversando e tomando uma cerveja. Com exceção de Katie, todos já
trabalhavam no Ivan’s há anos.
— Não acho que seja uma boa ideia — comentou Katie.
— Por que não?
— Tive uma experiência ruim certa vez — disse ela. — Namorar com um
homem que trabalhava no mesmo lugar que eu. E, desde então, assumi como
regra não voltar a fazer isso.
Melody revirou os olhos antes de sair em direção a uma de suas mesas.
Katie entregou duas contas e recolheu pratos vazios. Ela se manteve ocupada,
como sempre fazia, tentando ser eficiente e invisível. Mantendo a cabeça baixa,
se certificava de que a copa estava brilhando. Aquilo fazia seu dia passar mais
rápido. Não flertou com o homem do estúdio, que, quando saiu, não olhou para
trás.
Katie trabalhava durante o horário do almoço e do jantar. Enquanto o dia se
transformava em noite, ela gostava de observar o céu passar do azul para o cinza
e depois para o laranja e o amarelo na borda ocidental do mundo. Ao pôr do sol,
a água reluzia e os veleiros cruzavam as águas, empurrados pela brisa. As folhas
finas nos ramos dos pinheiros pareciam brilhar. Assim que o Sol se punha no
horizonte, Ivan ligava os aquecedores a gás e as espirais de metal começavam a
resplandecer como abóboras de Halloween, com suas faces engraçadas. O rosto
de Katie já estava ficando um pouco queimado pelo Sol, e as ondas de calor que
saíam dos aquecedores faziam sua pele arder.
Abby e Dave Grandão substituíam Melody e Ricky no turno da noite. Abby
estava no último ano do ensino médio e ria bastante e Dave Grandão preparava
os jantares no Ivan’s há quase vinte anos. Casado, com dois filhos e uma
tatuagem de escorpião no antebraço direito, ele pesava quase 140 quilos e, na
cozinha, seu rosto estava sempre brilhoso. Ele costumava colocar apelidos
carinhosos em todos, e a chamava de Katie Kat.
A movimentação do jantar durou até as nove da noite. Quando as coisas
começaram a ficar mais calmas, Katie limpava e fechava a copa. Ela ajudava
os lavadores de pratos a levar a louça para a lavadora enquanto suas últimas
mesas terminavam o jantar. Uma delas estava ocupada por um casal jovem, e
ela viu os anéis em seus dedos quando eles se deram as mãos por sobre a mesa.
Eles eram belos e pareciam felizes, o que fez Katie sentir um déjà​-vu tomar
conta de si. Há muito tempo ela tinha sido como eles, pelo menos por um
momento. Ou pensou que havia sido, porque hoje sabia que aquele momento era
apenas uma ilusão. Katie desviou os olhos do casal feliz, desejando poder apagar
sua memória para sempre e nunca mais voltar a ter aquela sensação.


Bom Galera é isso.. Estou no começo da leitura, mais estou adorando.. 
Ate a próxima, beijão..


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...